sábado, 25 de junho de 2011

Casa Aires

Alçado Nascente

No seguimento de um pedido formulado por um amigo, que tinha por objectivo a elaboração de um estudo para a alteração de um projecto previamente executado, mas que não satisfazia as exigências formais e funcionais pretendidas, elaboramos (Raquel e Rogério), o estudo do qual de seguida apresentamos maquete virtual.
Alçado Sul (noite)
O resultado deste estudo culminou com a execução de um projecto totalmente novo. Assim, do projecto inicial apenas restaram as condicionantes, na sua maioria “legais”. Fazendo um pequeno aparte, no nosso país, quase que nos obrigam a frequentar um curso de “magia” para as conseguirmos satisfazer. Bem, mas no entanto, esse é que é o desafio, que torna no final a vitória mais saborosa.
Alçado Poente
Uma envolvente descaracterizada reflectindo a sua suburbanidade, uma pré-existência sem grande interesse (a manter), um lote estreito e uma área de implantação reduzida, foram outro género de condicionantes encontradas, mas que foram simultaneamente impulsionadoras e determinantes na génese da solução final.
Alçado Sul
A proposta definida pela sua simplicidade formal dá cumprimento a um programa já bem definido na proposta anterior, introduzindo no entanto adjectivos que lhe proporcionam uma leitura contemporânea, onde a utilização de diferentes materiais, cores e texturas se revelam como importantes elementos de ligação entre o pré existente e o novo.
Alçado Poente (pormenor terraço)
Espaços internos fluidos e de fácil leitura, proporcionam a quem os utiliza a sensação de conforto, controlo e segurança, esta potenciada pela permeabilidade visual com o exterior.

Autor: KoolKase

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Igreja de S. Francisco - Porto

Autor: Arqtº. Manuel Cerveira Pinto


O nosso mais sincero agradecimento pela autorização de publicação ao autor deste pequeno roteiro e desenho, o nosso ilustre professor Arquitecto Manuel Cerveira Pinto, que o realizou no ano de 1988, ainda na qualidade de aluno. O nosso muito obrigado.
KoolKase

Em 1233 os franciscanos obtêm do Papa Gregório IX uma decisão pontifícia de recomendação ao Bispo e Cabido do Porto para que os não estorvassem na fundação de um convento nesta cidade.
Sofrem perseguições movidas pelos Bispos, Abade, Priores, etc.
Atraem no entanto a generosidade e devoção dos fiéis.
O terreno para a edificação do convento é cedido por um devoto no lugar da “Redondela”.
Abandonam no entanto a construção devido a querelas com o Bispo e Cabido, e aceitam a proposta de formar o convento em Gaia.
Inocêncio IV manda restituir aos frades franciscanos o lugar de onde haviam saído em 1244.
Principiam a obra em 1245.
É reconstruída em 1383 e terminada apenas em 1410.
Sofre ainda uma reconstrução só concluída em 1425.
Supõem-se que a construção inicial seria muito modesta.
A construção em estilo românico era ainda muito vincada no norte, nessa época, e isso de sobremaneira se reflecte na própria construção da igreja e inclusive na decoração.
Segundo Tavares Chicó: “Em S. Francisco – igreja mais vasta e mais vertical do que Stª Maria de Leça e em que as janelas da abside são decoradas de esferas como as igrejas galegas das ordens mendicantes – à parte a folhagem dos capitéis do coro e da parte lateral, é a flora românica que aparece”.
O revestimento é arcaico, ainda românico.
Os pilares são de tipologia rectangular cruciforme, com meias colunas adossadas.
Os capitéis ostentam decoração fitomórfica puramente imaginária, também eles de larga influência românica.
Nos séculos XV e XVI algumas famílias nobres elegem a igreja para o seu “Panteão”, assim, vai ser este facto deveras marcante para, com o tempo, à medida que se conhecem novos gostos a igreja ir sofrendo sucessivas alterações, algumas extremamente profundas, como é o caso do barroco.
Assim, nos séculos XVII e XVIII todo o interior da igreja revestido numa exuberante e “luxuosa” decoração em talha dourada.
Nesta altura é também provavelmente ampliado o coro alto.
No final do cerco do Porto em 1833, um incêndio destrói o claustro, e parte da igreja, nomeadamente o portal, que foi reedificado e que é o que hoje existe. É um portal executado ao gosto da época em claro estilo barroco.
Da primitiva fachada subsiste a rosácea (símbolo da Rosa Fortunae). É constituída por doze colunelos dispostos radialmente, possui as características das mais antigas rosáceas góticas.
Possui três naves, sendo a central mais elevada que as laterais, planta de tradicional morfologia românica em cruz latina.
Não há nesta igreja propensão de grandeza ou monumentalidade, assim como em Stª. Maria de Leça, igreja que muito se lhe assemelha o que parece aliás ser uma característica das igrejas das ordens mendicantes edificadas no decorrer do século XIII. Segundo Tavares Chicó elas dão “origem a uma arquitectura nacionalizada, apesar da relativa pobreza da escultura e do aspecto arcaizante de certas soluções”.
O portal lateral, foi também ele vitima da “explosão” barroca, não em termos de exterior mas sim de interior, onde foi construído um retábulo deixando assim a porta de ter qualquer função como tal.
Comparando a arquitectura gótica portuguesa com a alemã, é ainda Tavares Chicó que afirma: “Na igreja portuguesa, que é muito mais vasta mas mais pobre quanto ao material empregado, os arcos divisórios são muito mais elevados, as janelas ficam sobre os pilares, e de acordo com o ideal franciscano cobertas de madeira. O transepto é saliente, mais baixo que a nave central, e a capela-mor mais baixa que o transepto”.
As paredes são amparadas no exterior por contrafortes, assinalando mais uma vez a influência românica.
Possui dois absidíolos colaterais à capela-mor e mais baixos que esta.
A porta lateral possui ainda o traçado original, com arcos apontados boleados e colunas, com capitéis fitomórficos, sendo dois deles lisos.
A iluminação é dada pela rosácea e pelas aberturas, quer da nave central quer das naves laterais e ainda pelos singelos vitrais da abside e do transepto.
É de salientar que com a exuberância desregrada da talha barroca, alguns vitrais foram parcialmente tapados e que é de difícil leitura a estrutura do edifício para quem se encontra no interior, não sendo também possível distinguir qual o tipo de cobertura que aí preside.
No interior existe, do lado esquerdo de quem entra, uma capela sepulcral de Luís Álvares de Sousa, sobrepujada por uma inscrição gótica datada da altura da conclusão da obra 1474.
Faz parte, a igreja de S. Francisco, de um grupo de igrejas que possuem algumas características comuns, por exemplo:
Stª Maria de Leça;
S. Francisco de Santarém;
Facial sul da igreja da Batalha;
Bartolomeu Joanes, encostada ao flanco norte da Sé de Lisboa;
(…)
Segundo João Barreira, a igreja de S. Francisco do Porto vai buscar o seu modelo a Stª Maria de Leça.
Autor: Arquitecto Manuel Cerveira Pinto

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Habitação Multifamiliar I - Praia do Marreco

Propor um espaço de habitar reflectindo a configuração das habitações existentes não ultrapassando a cércea das mesmas assim como ceder espaço para resolver questões de movimento como forma de organização das rotinas, desencadeou um processo de estudo cujos resultados, determinaram na génese, a forma apresentada. 

Execução da Maqueta da Envolvente
  
Maqueta do Envolvente

Localizado na freguesia de Lavra no concelho de Matosinhos, inserido numa zona de construção difusa com características rurais e piscatórias, o terreno de aproximadamente 1.600 m2, confrontando com os parques de estacionamento da zona balnear da Praia do Marreco e a própria praia.
Configuração Habitações Existentes
 
Esboço Habitação Existente

Apontamento de Estudo de Forma

Apontamento Estudo de Composição

Maqueta Virtual - Vista Sul/Poente

Maqueta Virtual - Lado Poente/Norte

Maqueta Virtual - Vista Nascente/Sul

Maqueta Virtual - Acesso ao Edificio (Sul)

Maqueta Virtual - Vista do Passadiço (Norte)
A solução proposta apresenta dois volumes interligados pelas comunicações verticais e horizontais. Desenvolvida em quatro pisos, a forma apresenta uma relação directa com o conceito e a envolvente, estruturada de molde a resolver problemas de circulação existentes, procurando ao mesmo tempo uma volumetria ajustada evitando a interposição com a paisagem.

Autor: Rogério Soares